Dando continuidade à conversa sobre as “representações do corpo no universo afro-brasileiro”, vamos falar sobre os pés. Como as mãos e a cabeça, em momentos especiais, eles podem significar o corpo todo. Basta atentarmos para o ato de ungir, banhar, ou simplesmente lavá-los, presente nas culturas antigas significando purificação ou simplesmente um banho lustral que reverencia todo o corpo, lhe restaurando o aspecto de santidade.
Nos terreiros de candomblé, os pés, chamados “esé” são adorados como divindades. Estes a principio nos colocam numa relação direta com os antepassados, pais e mães dos quais descendemos. Daí a importância de está descalço para poder tocar na terra, a grande morada dos antepasados. Infelizmente sobre tal gesto recaiu uma série de preconceitos, desta maneira, andar descalço significou durante muito tempo uma espécie de sujeição, ou ainda um gesto demonstrativo de uma determinada condição social.
Ainda hoje, algumas pessoas conservam o hábito de deixar o calçado na porta da casa de quem está visitando. Assim fizeram durante muito tempo os ex-escravos ao chegar à porta de seu antigo dono. Tirar o calçado significava assim a expressão de sua eterna gratidão ao seu antigo senhor. Claro que tal gesto servia mais para o segundo, do que para os libertos e seus descendentes. Desta maneira, os pés foram ganhando outras representações.
Nos terreiros, os pés são consagrados a Oxalufan, o ancião, o mesmo que representa os primeiros grupos humanos que saíram caminhando para povoar a terra. Sábia associação de nossos tios e tias que desde cedo sacralizaram os passos lentos apoiados sobre cajados rituais de mães e pais reverenciados como avôs e avós de todos os grupos humanos.
Oxalufan é o verdadeiro corpo ancestral que esconde sob as suas vestes brancas, -que nada tem a ver com a paz propagada no ocidente- nossos antepassados. Graças a Oxalufan somos corpo. E para que representação melhor do que a imagem da pedra, base de sustentação das maiores construções que a humanidade teve noticias? Os pés sustentam o nosso corpo assim como Oxalufan como uma pedra angular sustenta os corpos que formam o mundo visível e mais aqueles que os nossos olhos nos tornam cegos para alcançá-los.
Estar em pé, saltar, correr são sinônimos de alegria, realizações. É estar saudável. É ter axé. É poder participar de momentos mágicos quando ainda os deuses e os homens juntos amassavam com os pés, o trigo, para fazer o pão; a cevada para fazer a cerveja e a uva para fazer o vinho.
Gosto muito da expressão: “lese orixá”, entendida literalmente como: “aos pés do orixá”. A imagem dos pés nas religiões de matriz africana antes de nos colocar numa posição de sujeição, nos dignifica ao nos situar; se não no mesmo nível da divindade, num plano onde as nossas relações com o Sagrado se realiza na sua totalidade. Estreitando os laços com nossa ancestralidade, os pés possibilitam-nos trilhar por outros caminhos, abrindo novos horizontes, nos tornando, no mínimo, mensageiros de sonhos semelhantes aos dos primeiros homens e mulheres que inventaram a geometria e a matemática, liderados pelos passos lentos e firmes do velho Orixá.
Nos terreiros de candomblé, os pés, chamados “esé” são adorados como divindades. Estes a principio nos colocam numa relação direta com os antepassados, pais e mães dos quais descendemos. Daí a importância de está descalço para poder tocar na terra, a grande morada dos antepasados. Infelizmente sobre tal gesto recaiu uma série de preconceitos, desta maneira, andar descalço significou durante muito tempo uma espécie de sujeição, ou ainda um gesto demonstrativo de uma determinada condição social.
Ainda hoje, algumas pessoas conservam o hábito de deixar o calçado na porta da casa de quem está visitando. Assim fizeram durante muito tempo os ex-escravos ao chegar à porta de seu antigo dono. Tirar o calçado significava assim a expressão de sua eterna gratidão ao seu antigo senhor. Claro que tal gesto servia mais para o segundo, do que para os libertos e seus descendentes. Desta maneira, os pés foram ganhando outras representações.
Nos terreiros, os pés são consagrados a Oxalufan, o ancião, o mesmo que representa os primeiros grupos humanos que saíram caminhando para povoar a terra. Sábia associação de nossos tios e tias que desde cedo sacralizaram os passos lentos apoiados sobre cajados rituais de mães e pais reverenciados como avôs e avós de todos os grupos humanos.
Oxalufan é o verdadeiro corpo ancestral que esconde sob as suas vestes brancas, -que nada tem a ver com a paz propagada no ocidente- nossos antepassados. Graças a Oxalufan somos corpo. E para que representação melhor do que a imagem da pedra, base de sustentação das maiores construções que a humanidade teve noticias? Os pés sustentam o nosso corpo assim como Oxalufan como uma pedra angular sustenta os corpos que formam o mundo visível e mais aqueles que os nossos olhos nos tornam cegos para alcançá-los.
Estar em pé, saltar, correr são sinônimos de alegria, realizações. É estar saudável. É ter axé. É poder participar de momentos mágicos quando ainda os deuses e os homens juntos amassavam com os pés, o trigo, para fazer o pão; a cevada para fazer a cerveja e a uva para fazer o vinho.
Gosto muito da expressão: “lese orixá”, entendida literalmente como: “aos pés do orixá”. A imagem dos pés nas religiões de matriz africana antes de nos colocar numa posição de sujeição, nos dignifica ao nos situar; se não no mesmo nível da divindade, num plano onde as nossas relações com o Sagrado se realiza na sua totalidade. Estreitando os laços com nossa ancestralidade, os pés possibilitam-nos trilhar por outros caminhos, abrindo novos horizontes, nos tornando, no mínimo, mensageiros de sonhos semelhantes aos dos primeiros homens e mulheres que inventaram a geometria e a matemática, liderados pelos passos lentos e firmes do velho Orixá.
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